quinta-feira, 30 de agosto de 2012

Programete 36: Euclides da Cunha – III – A. Conselheiro e os Sertanejos


Em julho de MIL OITOCENTOS E NOVENTA E SETE a guerra de Canudos ainda se arrastava após três expedições militares, e a quarta expedição também não estava muito animadora. Foi então, que o próprio ministro da Guerra, o marechal Machado Bittencourt, decidiu ir até o local do conflito. 

É nessa oportunidade que Júlio de Mesquita resolve convidar seu repórter, Euclides da Cunha, para acompanhar as tropas do governo e atuar como um correspondente de guerra. No dia TRINTA DE JULHO, o jornal Estado de São Paulo anuncia a partida do correspondente para Canudos. 

Euclides chega a Salvador, onde vai permanecer por VINTE E QUATRO dias antes de ir ao centro do conflito e já começa a escrever para o jornal. Na capital baiana, o jornalista encontra um cenário caótico: chegam muitos soldados e prisioneiros feridos. A população comovida demonstra solidariedade à eles, considerados heróis da pátria. 

Conversando com os feridos, Euclides recebe informações da guerra e começa a ter real noção do que se passava. De acordo com os soldados, os sertanejos não pesam mais que uma criança, mas são ágeis e rápidos e cinco ou seis já conseguem perturbar um batalhão inteiro. 

Em alguns textos enviados Euclides inferioriza Antônio Conselheiro, e o chama de espécie de grande homem pelo avesso e usa os seguintes adjetivos: monstro, maníaco, criminoso, fanático, vulgar. E também o acusa de atrocidades. 

Euclides chega a dizer: 

Antônio Conselheiro não é nulo, é ainda menos, tem um valor negativo que aumenta segundo o valor absoluto da sua insânia formidável..... Não sabemos qual será a intenção desse homem tão ignorante e criminoso, armando batalhões e aliciando gente para a luta. 

Apesar do ódio ao Conselheiro, Euclides demonstra muita admiração pelos sertanejos, sempre elogiando sua coragem sobre-humana. Percebe que a miséria em que viviam era grande, mas também era imensa a valentia que eles apresentavam. Numa conversa com um prisioneiro sertanejo adolescente de nome Agostinho, o jornalista descobre que Antônio Conselheiro não fazia milagres como se pensava, e curioso pergunta ao jovem: 

- Mas o que promete afinal, ele aos que morrem? 

E o jovem responde: 

- Salvar a alma. 

E Euclides termina o artigo do dia DEZENOVE de agosto, mostrando seu encantamento: 

Estas revelações feitas diante de muitas testemunhas têm para mim um valor inestimável; não mentem, não sofismam e não iludem, naquela idade, as almas ingênuas dos rudes filhos do sertão. 

Texto: Marina Fontanelli 
Apresentação: Giovani Vieira e Marina Fontanelli

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