O primeiro jornal regular e de grande difusão na cidade do Rio de Janeiro a explorar o sexo como assunto de interesse popular foi O Rio Nu. Apresentando erotismo e pornografia, O Rio Nu se definia como um “periódico humorístico e ilustrado” que circulava 2 vezes por semana pelas mãos da população masculina entre 1900 e 1916.
O periódico abrigava várias seções, mas os desenhos de charges e histórias em quadrinhos eram as vedetes do jornal. A mulher sempre tinha o corpo nu, não tão explícitamente quanto hoje, e mexia com a imaginação dos homens. Os desenhos acabaram sendo substituídos por fotos francesas de mulheres nuas e eram bem mais realistas.
O jornal estampava contos e folhetins com títulos provocantes e enredos ousados para a época. A criação literária era um recurso para estimular a fantasia. Mas a publicação procurava também mostrar cenas supostamente reais do universo sexual masculino e das mulheres da vida.
O tema era tratado na seção chamada “Zona”. Ali eram narrados causos e acontecimentos supostamente ocorridos na zona do meretrício da cidade. O periódico informava que os autores não eram jornalistas, mas leitores e frequentadores do lugar. Dessa maneira, os leitores tinham participação na produção do jornal.
Havia também “Concurso das Zonas” para eleger a mais bela prostituta. O leitor recortava o cupom que vinha impresso em algumas edições e preenchia indicando a sua preferência. As eleitas chegavam até a ganhar joias como prêmios. Essa estratégia de envolver leitor indicava relativo sucesso. Num desses concursos, a primeira colocada, com nome de guerra Mignon, teve mais de 6 mil e 100 votos e a segunda, Eponina, quase 5 mil e 200 votos. A soma do número de votos indica uma alta tiragem do Rio Nu, considerando a população da cidade e a moral da época. Indicava também como a zona de prostituição estava ligada ao cotidiano da cidade.
O Rio Nu mostra que a exploração do sexo pela imprensa não é tão nova com alguns podem pensar.
Texto: Célio J. Losnak
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