Nas dezesseis páginas do jornal era possível encontrar espaços para a publicação de fofocas do teatro em meio a análises políticas e econômicas. Embora de circulação apenas nacional, notícias em francês eram publicadas, realçando o seu caráter elitista. Muitas vezes, a publicação em outra língua era resultante de solicitação das próprias leitoras, como no caso da seguinte carta:
“Se julgais conveniente a inserção da minha carta, dou vos o conselho que a imprimas em francês. Todas as vossas assinantes falam esta língua, a do bom tom em todo o mundo”.
Publicados por homens, mas destinados as mulheres, quase não apareciam textos escritos por elas. A maioria das notícias e matérias realçava o perfil da mulher como esposa e que deveria cuidar do lar e de sua família. Quase não havia menção à liberdade feminina ou as necessidades de mudança da condição feminina na sociedade do século dezenove. O primeiro periódico feito por mulheres e para as mulheres foi o JORNAL DAS SENHORAS, fundado em 1852.
De acordo com a professora ZAHIDÉ LUPINACCI MUZART, no artigo “Uma espiada na imprensa das mulheres no século XIX”,
“no Brasil, a literatura feminina somente começa a ser reconhecida em meados do século vinte. Ainda que produtivas, nossas escritoras ficaram excluídas de nossa história literária, mas a literatura feminina conseguiu ser visível graças aos periódicos do século dezenove”.
Texto: Giovani Vieira Miranda
Locução: Giovani Vieira e Jaqueline Casanova
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