segunda-feira, 25 de junho de 2012

Programete 26 - Jornal das Senhoras


O primeiro jornal brasileiro feito por mulheres e para mulheres foi o JORNAL DAS SENHORAS, fundado em 1852 por um grupo de feministas cariocas. De edição semanal, o periódico trouxe como lema “MODAS, LITERATURA, BELAS-ARTES, TEATROS E CRITICA”. O editorial da primeira edição encorajava as mulheres a buscarem um “melhoramento social e a emancipação moral”. 

O JORNAL DAS SENHORAS pretendia despertar nas mulheres valores novos que possibilitassem um espaço em que pudessem ter voz, fosse para publicar suas produções intelectuais, fosse para exprimir seus desejos e opiniões. 

Desde o início, as redatoras contestavam o domínio masculino na direção dos veículos de imprensa. Como exemplo citamos um trecho em que a feminista JOANA PAULA MANSO DE NORONHA ironiza o preconceito de que mulheres não sabiam escrever: 


“Ora pois, uma Senhora a testa da redação de um jornal! que bicho de sete cabeças será?” 


A maior parte dos textos era publicada com linguagem intimista buscando a aproximação das leitoras. Havia textos sobre moda, romances, peças de teatro, além de espaços dedicados a partituras de piano e para cartas das leitoras. Ainda receosas com a liberdade imposta pelo jornal, muitas mulheres participavam do jornal mandando artigos anônimos ou usando nomes falsos. 

O JORNAL DAS SENHORAS esteve à frente do seu tempo propondo uma emancipação moral e intelectual da mulher, destacando a importância da sua educação e criticando a ideia de que a mulher era propriedade masculina. Pioneirismo que sofreu oposições mesmo na capital do país. O jornal foi alvo de críticas de ambos os sexos e encerrou suas edições em 1855, três anos após a sua fundação. 

Para a professora DULCÍLIA SCHOEDER, autora do livro “Imprensa Feminina”, 

“os periódicos eram a voz de todo um gênero em uma sociedade patriarcal onde até hoje não só a mulher como todos que apresentam discordâncias ou diferenças da etnia dominante lutam para serem ouvidos e para fazer valer o direito de igualdade”. 


Texto: Giovani Vieira Miranda
Locução: Giovani Vieira e Jaqueline Casanova

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