sexta-feira, 8 de junho de 2012

PROGRAMETE 25 - Correio Brasiliense


O primeiro jornal a existir regularmente no Brasil foi o Correio Brasiliense. Ele circulou mensalmente entre junho de 1808 e dezembro de 1822. Alguns autores não o consideram o primeiro jornal brasileiro. O motivo para a restrição é por ter sido impresso em Londres e distribuído em Portugal e no Brasil. 

O criador, redator e responsável pelo Correio Brasiliense foi Hipólito José da Costa. Hipólito foi para Portugal estudar, em Coimbra formou-se bacharel em Leis e Filosofia. Depois, passou dois anos nos Estados Unidos como enviado da Coroa Portuguesa para estudar a agricultura. Lá, teria incorporado fortemente os princípios da liberdade e dos direitos civis e passado a fazer parte da Maçonaria. 

De volta à Portugal, foi nomeado diretor literário da Impressão Régia. Em 1802, foi preso pela Santa Inquisição sob a acusação de ser maçom. Em 1805, escapou da prisão e se refugiou na Inglaterra. Viveu naquele país, fez parte da cúpula da maçonaria e teve a proteção da instituição. 

O objetivo do Correio Brasiliense, também conhecido como Armazém Literário, era defender algumas causas liberais da época, tais como: a independência do Brasil, a liberdade de opinião e da imprensa, a abolição da escravatura, e a monarquia constitucional. Hipólito fez oposição à coroa portuguesa ao mesmo tempo em que defendeu a permanência de D. João VI no Brasil. Por esses motivos, o jornal era proibido no Brasil e em Portugal. Ainda assim, ele entrava de maneira clandestina e chegava aos seus assinantes. 

O jornal tinha características singulares: possuía cerca de 90 a 100 páginas, era do tamanho de um livro, em formato brochura. Não tinha imagens, apenas longos textos. Muitos deles transcrições de documentos oficiais, tanto de Portugal, como da Inglaterra, da França, da Espanha e de outros países europeus. Havia também pequenas notas, poemas, copias de cartas e reproduções de textos de jornais portugueses. O jornal estava dividido em quatro seções: Política, Comércio e Artes, Literatura e Ciências, Miscelânea.

A intenção era apresentar o andamento da economia e das políticas dos países europeus. A informação e o debate giravam em torno da conquista da liberdade dos povos e eram estratégias de intervenção na opinião pública, visavam ao esclarecimento das elites brasileiras. O Correio Braziliense era um jornal de debate, pretendendo alargar os horizontes de seus leitores e romper a censura. E nesse sentido, ele se inseria numa importante tradição da imprensa: o esclarecimento. 

Com a independência do Brasil e a liberdade de imprensa, sua missão havia se encerrado. Na sua última edição, em dezembro de 1822, Hipólito informa que o periódico deixará de circular: “A liberdade de imprensa no Brasil fora conquistada e as muitas gazetas que se publicam nas suas principais cidades, escusam este trabalho dantes tão necessário”.

Texto: Célio Losnak
Locução: Beatriz Haga e Giovani Vieira

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