segunda-feira, 25 de junho de 2012

Programete 29: A Mensageira


No dia 15 de outubro de 1897, nascia em SÃO PAULO a revista A MENSAGEIRA, editada por PRISCILIANA DUARTE DE ALMEIDA, primeira mulher a entrar na ACADEMIA PAULISTA DE LETRAS. Dando grande destaque a produção intelectual feminina, logo se estabeleceu como a revista literária dedicada à mulher brasileira. 

Em torno da publicação reuniram-se escritoras como FRANCISCA JÚLIA DA SILVA, ZALINA ROLIM, JULIA CORTINES, JOSEPHINA ALVAREZ DE AZEVEDO e GEORGINA TEIXEIRA. Colaborando com textos, poemas, versos e artigos, elas criaram uma revista bem diferente dos veículos da época. A MENSAGEIRA não exaltava o papel da mulher enquanto mãe e dona de casa. Seu objetivo era mostrar que ela podia e devia assumir uma nova posição na sociedade brasileira. 

Na edição de 31 de outubro de 1897, a revista deixa bem clara tal missão: 
“Prometemos lutar contra as concepções que defendem que o encanto da mulher está justamente na sua ignorância, na sua timidez e na sua infantilidade”. 

Assim, temas como a importância da educação e profissionalização da mulher, ainda raros na imprensa do país, ganharam destaque em suas páginas. Especialmente nos marcantes artigos que publicava. MARIA AMÁLIA VAZ DE CARVALHO terminava assim um deles, editado na revista em junho de 1898: 

“A mulher tem de preparar-se para um trabalho que a emancipe da miséria, e lhe dê a independência material tão preciosa e tão moralista”. 

A MENSAGEIRA não demoraria a tornar-se uma publicação de renome. Como destaca HELOÍSA DE FARIA CRUZ, no livro SÃO PAULO EM PAPEL E TINTA, “com enorme esforço chegou a ser um periódico mensal de muito prestígio, recebendo colaborações de mulheres de todo o Brasil e até da França, onde tinha uma representante”. 

Mesmo tendo circulado apenas até 1900, a revista entrou para a HISTÓRIA DA IMPRENSA BRASILEIRA como um veículo pioneiro. Foi além das dicas de trabalhos manuais, moda e culinária, comuns em publicações da época. Como PRISCILIANA DUARTE DE ALMEIDA diria no texto de abertura DA MENSAGEIRA, seu objetivo era “levar ao remanso do lar algum pensamento novo”. E foi isso que ela fez, mostrando às brasileiras que podiam contrariar o estereótipo de fragilidade e incapacidade intelectual que as acompanhava e tornar-se a mulher do futuro. 

Texto: Ana Carolina Costa
Locução: Giovani Vieira Miranda e Jaqueline Casanova

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