quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Programete 30: Início da Imprensa em Bauru


Muitos jornais surgiram em Bauru nas primeiras décadas do século XX. Vários deles tiveram vida curta, poucos permaneceram por longo tempo. Tudo indica que a dificuldade de financiamento era o maior desafio para a sobrevida das publicações dessa época. 

O primeiro a circular foi “O Progresso de Bauru” provavelmente entre maio de 1905 e fevereiro de 1906. Sabe-se muito pouco sobre ele porque não existe nenhum exemplar preservado. 

Em dezembro de 1906 o político Domiciano Silva criou o ”O Bauru”. No início o periódico apoiava o grupo político de seu criador e tinha um perfil claramente conservador. Dois anos depois, em outubro de 1908, ele passou a ser dirigido por Almerindo Cardarelli que se manteve até o fim. Para o período, O Bauru foi um jornal de vida longa. Ele teria existido até 1924. 

Nos primeiros anos, era semanal e com quatro páginas, sendo a duas últimas compostas quase inteiramente por propagandas. Uma característica comum para os jornais interioranos da época. As duas primeiras continham poemas, folhetins, que eram literatura publicada em capítulos, textos sobre filosofia e doutrinas políticas, notícias sobre a política local e nacional. Havia também notas policiais e notas sobre fatos cotidianos da cidade, tais como eventos sociais e cenas da vida urbana. As visitas à Bauru de pessoas consideradas ilustres eram noticiadas sempre. 

Nos primeiros anos, Cardarelli imprimiu um tom popular ao jornal, anunciando comemorações de 1° de Maio, escrevendo sobre a importância da data do proletariado, noticiando reuniões de operários socialistas, denunciando regularmente as péssimas condições de trabalho dos funcionários da ferrovia Noroeste. Em 1910, posicionou-se partidário de Rui Barbosa e defendeu o civilismo, posição contrária ao grupo que dominava o Partido Republicano no país. Também fez oposição ao prefeito e à Câmara dos Vereadores da época. A partir de 1912, esse perfil militante começou a ser diluído e as polêmicas foram desaparecendo: O Bauru tounou-se um jornal mais comedido e sem oposição aos poderosos. 

Apesar disso não era um jornal de partido e garantiu relativa independência em relação à política partidária.

Texto: Célio Losnak
Apresentação: Jaqueline Casonava

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