quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Programete 31: Os jornais e a política em Bauru


Nem todos os jornais publicados em Bauru podem ser conhecidos. Vários deles não foram preservados em arquivos e desapareceram da memória. Alguns pioneiros do século XX estiveram intimamente ligados à política, estavam à serviço do Partido Republicano Paulista. 

O primeiro deles foi o semanário A Cidade de Bauru criado pelo PRP em 1909 para dar sustentação política ao partido. Era dirigido pelo coronel Nelson Noronha de Gustavo. Em 1910, o jornal apoiou a mobilização para instalação da sede da Comarca na cidade. Depois da vitória, teve a sua circulação interrompida por alguns anos. Passou a ser publicado novamente em 1913, mas nesse mesmo ano foi fechado. Uma explicação para isso seria o fato do Coronel Noronha ter saído de Bauru. 

Em fevereiro de 1914 foi criado o seu substituto A Gazeta de Bauru. Abaixo do título vinha estampado Orgão do Partido Republicano. O jornal não escondia que defendia as propostas do PRP e deixou isso claro no editorial presente na edição de número um. 

“O Nosso programa é, em síntese, o mesmo que preside a imprensa voltada à causa do interesse e do bem estar público, e, a nossa orientação será, como até aqui pautada nos mesmos princípios do Partido, que tem seus ideais firmados nos mais elevados princípios do civismo.” 

Apesar eloquência, a vida da A Gazeta de Bauru foi mais curta do que A Cidade de Bauru. Por razões desconhecidas, ela fechou as portas em setembro de 1914, oito meses depois de inaugurada. 

Há indícios de que outro veículo veio substituí-lo. Em fevereiro de 1915 foi lançado O Comercio de Bauru. O diretor era o jovem advogado Otávio Pinheiro Brisola que depois seria prefeito da cidade. O lema do jornal enfatizava a defesa dos interesses do comércio e da lavoura No número de lançamento afirmava ser independente defendendo os interesses de todos, inclusive do povo. Tudo indica que o semanário não tinha tanta independência como afirmava, pois o proprietário era Eduardo Vergueiro de Lorena, fazendeiro de café, rico e político em ascensão no PRP. Ou seja, O Comércio de Bauru era mais um periódico ligado ao poder em vigência. Com certo fôlego, o jornal circulou até 1920. 

O semanário O Tempo estaria na oposição de todos esses periódicos e contra os políticos pertencentes ao PRP. Sabe-se pouco sobre ele, foi lançado em maio de 1910 e circulou pelo menos até 1922. A contradição do seu discurso é que o proprietário era Carlos Marques da Silva um ex-prefeito e ex-vereador de Bauru. 

Os exemplos mostrados até aqui indicam a proliferação da imprensa no início do século XX em Bauru. E indicam também uma fase da história em que a independência dos jornais era mais uma estratégia discursiva do que realidade. 

Texto: Célio José Losnak
Apresentação: Jacqueline Casanova

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