segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Programete 38: Imptrensa Operária I


No início do século XX ocorreu o aumento da produção impressa no Brasil. A publicação de livros, revistas e jornais foi multiplicada com vários números de títulos com diversos perfis. A intensificação da vida urbana, do mercado capitalista, da alfabetização e o surgimento de diversos grupos sociais alimentaram a leitura de textos impressos em diversos setores da sociedade. 

Além da grande imprensa, outro destaque desse período foi a difusão da imprensa operária. Ela era expressão da História do trabalhador industrial e da chegada dos imigrantes no país. Os jornais estavam presentes em todas as regiões brasileiras. O Proletário, fundado em 1847 por um grupo de intelectuais do Recife, é apontado como o mais antigo da imprensa operária. O segundo título seria o Jornal dos Tipógrafos lançado no Rio de Janeiro em 1858. 

O maior número de publicações ocorreu na região sudeste, especialmente nos estados de São Paulo e do Rio de Janeiro. A pesquisadora Maria Nazaré Ferreira encontrou 343 títulos de jornais operários publicados no Brasil entre 1870 e 1930. Desses 343, 149 foram lançados no Estado de São Paulo e 100 no Estado do Rio de Janeiro. 

Com a industrialização, São Paulo passou a ter muitos operários que utilizavam os jornais como meio de comunicação, de educação, de luta e organização política. Estamos falando de um período em que, depois da comunicação oral, a mídia impressa era a mais importante. Os jornais eram pautados pelo que acontecia no meio operário tais como problemas da classe, lutas e debates do movimento, notícias sobre associações culturais, críticas às autoridades e aos patrões, divulgação de doutrinas políticas. 

Uma característica dessa imprensa é que não era formada por jornalistas profissionais. Os redatores eram operários que se transformavam em jornalistas. Os proprietários dos veículos também eram trabalhadores/intelectuais, sindicatos ou associações de classe. 

Outra característica é que muitos títulos foram redigidos em outras línguas como o espanhol e o italiano. São Paulo abrigou um alto número de trabalhadores vindos da Itália e alguns com experiência na imprensa. 

Maria Nazaré Ferreira aponta que do total de 149 jornais operários paulistas impressos entre 1880 e 1930, 53 eram redigidos em língua estrangeira. Os exemplos dos títulos já indicam as tendências desses veículos com a intenção clara e assumida de divulgar a causa política: 

Avanti, La Battaglia, La Barricata, La Lotta Proletaria, Guerra Sociale, La Libertá, La Rebelión, El Grito del Pueblo. A característica cultural de utilizar outras línguas aponta para o caráter cosmopolita de São Paulo daquela época. O estado reunia e abrigava vários povos. E a imprensa era uma expressão dessa diversidade cultural.

Texto: Beatrriz Haga e Célio Losnak
Apresentação: Giovani Vieira e Jaqueline Casanova

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