segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Programete 39: Imprensa Operária II


Os tipógrafos foi uma categoria profissional que se destacou na História da Imprensa Operária Brasileira. Pela natureza do trabalho de impressão e composição dos textos nas gráficas, os tipógrafos eram alfabetizados. Como trabalhadores especializados, tinham boa remuneração, mantinham tradições de leitura e de mobilização política pelos seus direitos. Essa tendência já estava presente na Europa do século XVI, passando pela Inglaterra, França, depois Estados Unidos e Itália. 

No Brasil do início do século XX os linotipistas se consideravam a elite da classe operária. Em 1903, várias associações de gráficos paulistas reunidas formaram a União dos Trabalhadores Gráficos. O objetivo era a união de forças para a luta por mais direitos trabalhistas, por apoio dos necessitados e para atividades sociais e culturais. 

Em 1904, a União lançou um jornal porta-voz denominado O Trabalhador Gráfico. Nele publicavam notícias sobre atividades sociais e culturais da categoria, informações sobre novidades técnicas do trabalho gráfico e propaganda política para aumentar o número de associados e fortalecer as reivindicações. 

Na edição de 18 de junho de 1920 os redatores conclamavam: 

Precisamos intensificar a propaganda pela palavra, pelo livro, pelo jornal. Vamos, companheiros, auxiliai-nos a constituir o comitê de propaganda, que publique folhetos, livros, etc, organize conferências, não só técnicas e sociais, como também científicas e literárias. 

Na primeira fase o periódico foi mais combativo. Ele sofreu uma interrupção de publicação entre 1907 e 1919. Depois disso, continuou a circular até o final do século XX. 

Um dos colaboradores de destaque de O Trabalhador Gráfico no seu início foi Edgar Leuenroth. Edgar é considerado importante militante operário do século XX. Trabalho, política e comunicação eram indissociáveis para ele. De linotipista tornou-se jornalista defensor da causa operária. Dirigiu e produziu várias publicações tais como A Lanterna, A Plebe e Terra Livre. Atuou no Sindicato dos Gráficos e entidades de jornalistas. A preocupação com a imprensa o levou a produzir um arquivo que, depois de sua morte, foi doado à UNICAMP e originou o atual Arquivo Edgard Leuenroth. 

A partir do seu arquivo muitas pesquisas puderam ser feitas sobre o movimento operário brasileiro e uso da imprensa como meio da comunicação política.

Texto: Célio J. Losnak
Apresentação: Giovani Vieira e Jaqueline Casanova

Nenhum comentário:

Postar um comentário