sexta-feira, 2 de novembro de 2012

Programete 45: A censura e a imprensa no pós 64


Quando ocorreu o golpe de 1964, poucos jornais publicaram discordâncias ao evento. A grande imprensa apoiava o movimento civil-militar e era contra o governo João Goulart. Por isso, nos primeiros anos de ditadura, poucos veículos fizeram críticas aos militares. O jornal Correio Carioca foi o mais conhecido por criticar a ditadura no período de 1964 a 1967. O motivo dessa discordância não partia de ideologias políticas, dava-se em nome da liberdade de expressão e de publicação. 

Desde o início os militares criaram mecanismos de controle dos meios de comunicação. O objetivo era censurar a informação veiculada e evitar que circulassem posições críticas ou discordantes ao governo. A intenção era dar à população a sensação de unanimidade e tranqüilidade. 

Alguns autores dividem a censura em dois tipos, uma delas foi denominada de auto-censura. Nesse tipo, os policiais e os censores davam ordens por telefone, entregavam bilhetes orientando os assuntos, acontecimentos e nomes que não podiam ser publicados. Uma das regras era não citar a existência da censura. Os textos que mencionavam o controle eram impedidos de ser divulgados. 

A questão desse tipo de censura é que o controle do que ia ser publicado ficava à cargo das redações. Era o editor e o redator que fiscalizavam a produção e os textos evitando descumprir as normas. Os profissionais sofriam pressões de vários tipos: ameaças de agressão física e de prisão. Já o jornal podia perder seus anunciantes. O governo poderia cortar a publicidade oficial nos veículos. Muitas vezes, ameaçava os anunciantes privados. Uma empresa privada deixou de anunciar num jornal alternativo ao receber a promessa de obter financiamento do BNDS. 

Muitos jornais submetiam-se à regras censórias por medo e conveniência. Outros concordavam com o governo e suas políticas autoritárias. Aqueles que ousaram discordar sofreram forte censura. Os principais veículos censurados previamente foram: 

O Estado de S. Paulo, entre 1972 e 1975 e a revista Veja, entre 1974 e 1976; 

Os alternativos: O Pasquim, de 1970 a 1975, Opinião, de 1973 a 1977 e Movimento, de 1975 a 1978 e o jornal da Igreja Católica paulista denominado de O São Paulo, de 1973 a 1978. Esses veículos sofreram muitos desgastes. Todos os textos eram revisados pelos censores. Algumas matérias eram mutiladas e perdiam o sentido, outras eram vetadas, muitas precisavam ser rescritas. No Estado de S. Paulo, o censor ficava na redação e a tensão era contínua. Nos outros casos, o material pronto era enviado para a Polícia Federal. Até voltar, o trabalho ficava parado. Algumas vezes, o produto era enviado para Brasília e a resposta demorava dias. Esses procedimentos quase inviabilizavam o trabalho. Os jornais Opinião e o Movimento não resistiram e fecharam as portas. Apenas a partir do início dos anos 1980 o controle prévio da imprensa foi amenizado.

Texto: Célio J. Losnak
Apresentação: Jaqueline Casanova e Marina Fontanelli

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