quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

Programete 47: Imprensa Alternativa – O Movimento


No dia 7 de julho de 1975, o BRASIL viu nascer o semanário O MOVIMENTO. Durante seis anos de existência, o jornal lutou contra a ditadura e assumiu, ao lado do OPINIÃO e do O PASQUIM, o papel de porta-voz do movimento democrático que se opunha ao regime militar. Posição que lhe garantiu um lugar entre os mais importantes veículos de comunicação da história da imprensa brasileira. 

O MOVIMENTO surgiu a partir do trabalho de um grupo de jornalistas que havia se desligado do jornal OPINIÃO após o afastamento de RAIMUNDO RODRIGUES PEREIRA de sua direção. Da antiga publicação, eles mantiveram a ideia de constituir um órgão de imprensa gerenciado de forma coletiva por seus profissionais, sem a existência de um patrão. Assim como a necessidade de afirmar uma forte e explícita posição política independente. Visava também ser acessível e lido pelo povo. 

O jornal buscou agregar diferentes segmentos da sociedade brasileira que lutavam contra a ditadura. Ele representava as vozes dos operários, dos camponeses, dos grupos de esquerda ilegais e clandestinos, da Igreja progressista e dos intelectuais críticos do sistema político. Suas páginas defendiam a formação de uma frente ampla e unida contra a ditadura. 

Dando um passo a mais em relação a outras publicações surgidas na época, o jornal apresentava matérias que não se intimidavam diante de seu compromisso editorial de defender a liberdade democrática, a redemocratização do país, o fim das leis de exceção, os interesses nacionais contra as forças estrangeiras, a instauração de uma Assembleia Constituinte e a anistia. Outro viés importante era “a luta pela melhoria das condições de vida dos trabalhadores”. 

Reunindo profissionais como RAIMUNDO PEREIRA e DUARTE BRASIL PACHECO na direção, a publicação trouxe uma nova cara para o jornalismo brasileiro. O periódico adotou um rigoroso processo de investigação e apuração jornalística, a independência econômica e política, e aliou talento e grande experiência de seus jornalistas. Com isso, ele influenciaria toda uma geração. 

O jornal enfrentou vários problemas: a censura prévia que reduzia e anulava os textos, baixa qualidade gráfica decorrente da rapidez na preparação, a leitura pesada por valorizar em demasia o conteúdo político, prejuízo financeiro constante, debates e disputas internas em torno de doutrinas políticas divergentes, posições partidárias sobrepondo-se ao jornalismo. Apesar dos problemas, o MOVIMENTO atuou num dos mais importantes momentos da história brasileira, até sua extinção em 1981. 

Enquanto o Brasil conquistava a reabertura política, o periódico colaborou com o alargamento dela, sofreu muito com a sua radical atuação e não resistiu. Mas sua mensagem já havia se eternizado e consolidado a história do jornal. No último número, ele ainda anunciava o princípio que vinha desde o início, ser “democrático e popular, independente e pluralista”.

Texto: Ana Carolina Costa
Apresentação: Giovani Vieira e Jaqueline Casanova

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