A imprensa era o principal veículo de produção cultural letrada na segunda metade do século Dezenove e início do Vinte. Naquela época, a prática do jornalismo permitia a divulgação de obras dos literatos e era considerada uma possibilidade de trabalho. A profissão era exercida como forma de ganhar dinheiro, ser reconhecido como escritor ou obter ascensão social.
Machado de Assis é um exemplo de autor que conseguiu prestígio e leitores por meio de publicações em jornais. Em uma sociedade escravista e sem mobilidade social, o jovem pobre e mulato conseguiu divulgar sua crônica de estréia no jornal Marmota Fluminense em 1855, com a ajuda do jornalista e editor, Paula Brito.
A trajetória de Paula Brito foi semelhante à de Machado de Assis. Mulato, filho de carpinteiro, sem educação formal, conseguiu seu espaço e ascendeu socialmente tornando-se tipógrafo, livreiro, poeta e tradutor. Também fundou uma Sociedade para discutir literatura e arte de forma democrática, sem preconceitos intelectuais. O círculo era frequentado por alguns dos maiores escritores da época como Casemiro de Abreu e Gonçalves Dias.
Graças à Paula Brito, Machado teve apoio nos primeiros passos em direção ao reconhecimento como escritor. Quando Memórias Póstumas de Brás Cubas foi publicado pela Imprensa Nacional, o cronista já era considerado um dos principais nomes da literatura brasileira e conhecido pelos seus textos de jornais. Para muitos escritores daquele período, o jornalismo foi a fórmula para atingir o sucesso.
Texto: Beatriz Brandão Haga
Locução: Beatriz Haga e Célio Losnak
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