quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Programete 5 - Classificados de escravos


Além de uma boa fonte de renda, os classificados são, nos jornais, o espaço reservado para a publicação dos anúncios menores e mais simples, como os “de linha”. Apesar de curtos e baratos, constituem-se em grande atrativo para os leitores interessados em vender, comprar ou trocar produtos e mercadorias, localizar ou contratar algum serviço por exemplo. 

Na segunda metade do século 19, escravo era sempre anunciado nos jornais da cidade de São Paulo. Ele aparecia como uma “coisa” ou mercadoria que algumas pessoas podiam ter, vender, comprar e alugar como qualquer outro bem. Apesar de desumano, este era o pensamento dominante da época: real e rotineiro. 

Do Correio Paulistano de 9 de maio de 1880 reproduzimos este anúncio classificado: 

Escravos. Na rua da Consolação, 72, há 38 peças para vender... todos bonitas peças. Vende-se barato para liquidar”. 

No mesmo jornal outro classificado: 

Escravos bons. Vende-se três excelentes escravos sendo: um moleque de 16 para 17 anos de idade, bonita figura; outro de 35 anos, habilíssimo, destro de serviço de lavoura; e uma crioula de 14 para 15 anos, bonita estampa.” 

E um classificado publicado na Província de São Paulo em 28 de fevereiro de 1879: 

“Escravo. Vende-se um de 20 a 30 anos sadio, robusto, sem vícios, nem defeitos”. 

Esses exemplos mostram que os valores da sociedade são reconhecidos como algo óbvio em uma determinada época. Os jornais reproduzem esta visão.

Texto: Célio Losnak
Locução: Beatriz Haga, Giovani Vieira e Célio Losnak

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