quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Programete 6 - O jornal 'A Redenção'


É comum os jornais incorporarem campanhas de apoio à sociedade em determinados momentos. Muitas vezes, alguns deles se envolvem com causas políticas. Um exemplo desse tipo foi o jornal A Redenção lançado em janeiro de 1887, na cidade de São Paulo. Criado e mantido pelo advogado Antônio Bento, um defensor da república e da extinção da escravidão, o periódico se definia como “Folha Abolicionista, Comercial e Noticiosa”. 

A Redenção surgiu como mais um instrumento de luta social e política. Nesse período, muitos abolicionistas trabalhavam como jornalistas ou passavam a escrever para defender a causa dos cativos. Promoviam fugas dos escravos e os ajudavam a se esconder e viver longe das autoridades. Arrecadavam dinheiro e articulavam pessoas formando uma rede para apoiar as escapadas e manter os negros livres. A Redenção desmoralizava as idéias escravistas, tentava convencer a sociedade sobre a necessidade de mudanças e citava fazendeiros, juizes, delegados, políticos e também outros jornais considerados inimigos da causa. Ele possuía alguns elementos como os outros jornais, tais como a publicidade de lojas, remédios e profissionais. Na primeira página, inseria um folhetim, capítulos da obra A Cabana do Pai Tomaz. 

Uma diferença de outros periódicos é que a Redenção não se prendia à norma culta e escrevia conforme o povo falava, sem muita gramática. Pretendia ser clandestino, mas foi bem recebido e distribuído mais ou menos abertamente. Circulou duas vezes por semana até maio de 1888. Depois da abolição perdeu o sentido e Antonio Bento publicou apenas alguns números anuais nas datas comemorativas de 13 de Maio.

Texto: Célio Losnak
Locução: Giovani Vieira, Beatriz Haga e Célio Losnak

Um comentário:

  1. Que bacana saber que nesta época já existiam pessoas que se preocupavam com o racismo.

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