O jornalista e escritor JOÃO DO RIO fez da cidade do RIO DE JANEIRO um dos temas centrais da sua obra. O cenário eram as primeiras décadas do século vinte.
Ele acompanhou a modernização e as reformas que transformaram o centro da cidade. Retratou esse novo cenário. O Rio de Janeiro era a maior cidade do país, a capital federal e expressava o que havia de mais novo no Brasil. Ali chegavam os modismos vindos de fora.
No livro VIDA VERTIGINOSA, de 1911, JOÃO DO RIO escreve sobre os novos ritmos que envolviam o cotidiano da época. A velocidade e a sensação de que o tempo acelerava e a vida se transformava. Nesse quadro, uma novidade era o automóvel. João do Rio escreveu a crônica “A Era do Automóvel”: a máquina que introduzia velocidade ao trânsito, encurtava as distâncias e imprimia ritmo à vida cotidiana. Acompanhe um trecho da crônica A era do automóvel:
“Vivemos inteiramente presos ao automóvel. O automóvel ritmiza a vida vertiginosa, a ânsia das velocidades, o desvario de chegar ao fim, os nossos sentimentos de moral, de estética, de prazer, de economia, de amor”.
Se hoje temos a impressão de que a vida está cada vez mais veloz, que temos menos tempo para viver e de que estamos mais conectados ao futuro do que ao passado... João do Rio narra a mesma sensação nesse texto que foi publicado em 1908 no jornal A NOTICIA.
“O automóvel fez-nos ter uma apudorada pena do passado. Agora é correr para a frente. Morre-se depressa para ser esquecido dali a momentos; come-se rapidamente sem pensar no que se come; arranja-se a vida depressa, escreve-se, ama-se, ... como um raio”.
João do Rio escreve que o automóvel era um poderoso aliado na conquista das mulheres. Como arma de sedução, o automóvel era infalível. Elas poderiam resistir a muitas coisas, mas não ao automóvel... comenta o autor:
“As mulheres de hoje em dia,... resistem a tudo: a flores, a vestidos, a camarotes de teatro, a jantares caros. Só não resistem ao automóvel. O homem que consegue passear com a dama de seus sonhos nos quatro cilindros da sua máquina está prestes a ver a realidade nos braços”.
Uma leitura possível desta crônica de João do Rio é de que algumas coisas fascinam o homem, e a máquina como o automóvel é uma delas. E esse fascínio atravessou o século XX e ainda sobrevive como sobrevive a atualidade dos textos de João do Rio.
Texto: Ana carolina Costa e Célio Losnak
Locução: Eleide Bérgamo e Giovani Vieira
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